Formação empreendedora, inclusão social e inovação didática são alguns dos temas discutidos no Fórum de Boas Práticas do Ensino Superior Estadual do Paraná, evento que acontece desde terça-feira (13) na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), na região dos Campos Gerais. O encontro reuniu gestores das sete universidades estaduais, das áreas de Graduação, Pós-Graduação, Extensão e Assuntos Estudantis, além de professores que coordenam programas estratégicos de ensino superior. A programação terminou nesta quarta-feira (14).
A iniciativa é do Governo do Estado, por meio da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), em parceria com a UEPG e a Fundação de Apoio ao Desenvolvimento Institucional, Científico e Tecnológico da UEPG (FAUEPG). Durante a abertura do evento, foram anunciados novos investimentos da ordem de R$ 18,7 milhões para fortalecer o ensino profissional no âmbito das universidades estaduais.
O objetivo do encontro é consolidar políticas públicas educacionais, estimular a inovação acadêmica e otimizar a gestão universitária, promovendo o alinhamento institucional e a integração de boas práticas no âmbito do Sistema Estadual de Ensino Superior do Paraná. A programação contempla a avaliação de resultados de 15 programas, que juntos somam financiamentos de R$ 119,6 milhões, entre 2023 e 2024, com recursos do Fundo Paraná de fomento científico e tecnológico, dotação administrada pela Seti.
Uma das ações apresentadas, o Núcleo de Estudos e Defesa de Direitos da Infância e da Juventude (Neddij), tem alcançado resultados positivos e significativos. Destinado a combater violações de direitos e fortalecer políticas públicas para a infância e juventude, esse programa integra ensino, pesquisa e extensão universitária com intervenções práticas em casos de vulnerabilidade social.
As 13 unidades do Neddij contabilizaram um total de 25.631 atendimentos jurídicos entre setembro de 2024, quando começou a etapa atual do programa, e fevereiro deste ano. Ao todo, nesse período, foram realizadas 6.910 ações judiciais, entre cíveis, infracionais e criminais, em primeira e segunda instâncias, o que evidencia o impacto desse programa na defesa de direitos fundamentais e acesso à justiça para crianças e adolescentes, assim como a efetividade da rede estadual de ensino superior na proteção jurídica dos jovens paranaenses.
Segundo o professor Luiz Fernando Kazmierczak, da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP), responsável pela coordenação estadual do Neddij, esse tipo de evento é importante para compartilhar experiências entre as instituições de ensino superior. "O Fórum não só divulga nossas ações e resultados, mas também fortalece significativamente a rede de cooperação acadêmica, permitindo que as boas práticas sejam compartilhadas e adaptadas em todo o sistema universitário paranaense", afirmou.
Para o reitor da UEPG, Miguel Sanches Neto, essa iniciativa representa um avanço na articulação do Sistema Estadual de Ensino Superior do Paraná. "O fórum não apenas fortalece nossa integração institucional, mas também demonstra concretamente como as universidades transformam conhecimento em desenvolvimento efetivo, seja através dos projetos extensionistas que impactam diretamente as comunidades, seja na formação de profissionais qualificados para atender às demandas regionais", destacou.
PESQUISA – Outra iniciativa apresentada no evento consiste em uma pesquisa sobre o perfil dos universitários da rede estadual. A primeira etapa do estudo identificou os principais fatores relacionados à evasão, como forma de ingresso, características pessoais, socioeconômicas e acadêmicas. Os dados revelam que a evasão é maior nos dois primeiros anos dos cursos e está relacionada principalmente aos estudantes com renda familiar mais baixa, que trabalham durante a graduação, frequentam o turno noturno e ingressaram por formas alternativas de acesso.
A pesquisa também identificou diferenças significativas entre gêneros, com homens apresentando maior taxa de evasão, e entre estudantes cotistas e não cotistas, sendo que os primeiros geralmente permanecem mais tempo na universidade. Além disso, estudantes que cursaram todo o ensino médio em escolas públicas apresentaram mais propensão à evasão, em comparação com egressos de escolas privadas, o que reforça a necessidade de políticas de permanência estudantil que considerem as desigualdades educacionais prévias.
A coordenadora de Ensino Superior da Seti, Maria Aparecida Crissi Knuppel, reforçou o papel estratégico das universidades estaduais no desenvolvimento de políticas públicas integradas. "As boas práticas apresentadas neste Fórum demonstram como nossas instituições transformam conhecimento em ações efetivas de empreendedorismo, saúde e assistência estudantil, promovendo inovação curricular, pesquisa aplicada e projetos extensionistas que geram impactos reais na formação profissional e no bem-estar social", explicou a gestora.
O Paraná ocupa posição de destaque, sendo o segundo estado do Brasil com a maior proporção de jovens matriculados no ensino superior. De acordo com a edição mais atual do Censo da Educação Superior, do Ministério da Educação (MEC), o Paraná lidera a Região Sul e está em quarto lugar nacional em números absolutos de estudantes de graduação, nas modalidades presenciais e de ensino a distância (EAD). Nesse cenário, o Estado mantém um sistema robusto, com várias universidades públicas e privadas, além de centros universitários e faculdades.