Pavimentação da PRC-280 em concreto avança no Sudoeste e atende demanda de 20 anos

Trecho que vai de Palmas à BR-153 é o primeiro do Estado a receber restauração com a técnica conhecida como whitetopping, que utiliza concreto para a recuperação de asfaltos deteriorados.
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15/02/2022 - 10:00

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Uma das obras mais aguardadas na região Sudoeste, a revitalização do trecho da PRC-280 que vai de Palmas ao Trevo Novo Horizonte, no acesso a Santa Catarina, está em ritmo acelerado. Dos 59,55 quilômetros mais degradados da rodovia, até esta semana, já foram restaurados 17,5 quilômetros de meia pista. O investimento do Governo do Estado é de R$ 107,4 milhões e acaba com a espera de duas décadas por melhoras na trafegabilidade.

O lado direito da via foi pavimentado e agora ela recebe o concreto no lado esquerdo, totalizando 5,5 quilômetros concluídos. Já foram executados 19,6% da pista, e o término da obra está previsto para o segundo semestre deste ano. A obra integra o Avança Paraná, programa do Governo do Estado que utiliza recursos financiados pelo Banco do Brasil e pela Caixa Econômica Federal.

A obra é a primeira do Estado a receber restauração com a técnica conhecida como whitetopping, que consiste no uso do concreto para a recuperação de asfaltos deteriorados. Nesse caso, o material é aplicado diretamente sobre o asfalto, que serve como uma espécie de base para a aplicação.

“O whitetopping é uma solução utilizada nos países de primeiro mundo. Enquanto o recapeamento com asfalto comum dura em média cinco anos, com esta técnica o tempo de vida útil do pavimento é de no mínimo 20 anos e pode chegar a 30 anos”, explica o governador Carlos Massa Ratinho Junior. “Restaurar a PRC-280 era uma promessa que estamos cumprindo e a decisão pelo concreto vai garantir a qualidade e durabilidade da rodovia, que é o principal corredor de escoamento do Sudoeste”, acrescenta.

“Vai ser um acesso novamente escolhido pelas pessoas que vão trafegar, porque hoje, devido ao estado que se encontrava a rodovia, elas faziam o desvio, então deixavam de passar pela nossa região”, ressalta o vice-prefeito de Palmas, Bruno Goldoni. “Agora, vai desgastar menos os caminhões, vai ser uma rota onde todas as pessoas vão passar e vislumbrar a nossa região. Com certeza as pessoas vão querer investir aqui. Só vem a agregar à Palmas, principalmente, porque é a cidade que mais vai ser beneficiada com isso, e com certeza a região”, complementa.

Apesar da pavimentação ter sido iniciada em dezembro, as obras começaram bem antes com a preparação da pista e dos acostamentos para receberem as placas de concreto de 22 centímetros de espessura. Antes, foi feita a fresagem na pista de rolamento e o nivelamento dos acostamentos, com brita. A obra prevê, ainda, a adequação dos dispositivos de drenagem, da sinalização horizontal e vertical e de elementos de segurança.

TECNOLOGIA — A obra na PRC-280 será um marco na engenharia rodoviária estadual. “É uma tecnologia que o DER sempre quis utilizar, mas sempre houve dificuldade financeira, porque o cimento sempre foi muito caro. Agora, com a situação mundial do petróleo, o custo do asfalto se equiparou ao do cimento”, explicou o engenheiro do Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER/PR), Paulo Melani.

Em uma usina instalada próxima à obra, o concreto é feito da seguinte forma: pedras em diferentes tamanhos são colocadas em uma máquina totalmente automatizada, para então serem misturadas com cimento e posteriormente, depositadas em um caminhão, que despeja a mistura no trecho a ser pavimentado. O concreto tem 1h30 de tolerância para não endurecer no trajeto. Após descarregada, uma escavadeira espalha a mistura na frente da pavimentadora, que dá o acabamento no asfalto.

SEGURANÇA — As obras seguem pela PRC-280, de Palmas até o entroncamento com a BR-153, que dá acesso à Santa Catarina. Francisco Puton, proprietário da Chico Elétro, empresa localizada em Palmas, explica que seus funcionários utilizam com frequência a rodovia e que, por conta das condições do pavimento, houve prejuízos. “O fluxo de transporte é muito grande nessa PR e ela estava intransitável. Nosso carreteiro bitrem bateu, acabou perdendo tempo e tendo prejuízo, ficou quase 20 dias parado. Depois, meu motorista desviava, pegava um trajeto maior porque achava que não tinha o risco que tinha aqui”, disse.

Para Puton, a obra é essencial. “Nós somos os maiores produtores de compensados do Brasil, nós temos a maior fábrica de panela de pressão, nós temos os maiores produtores de maçã do Paraná, temos um frigorífico que abate 3 mil suínos por dia. Olha a importância dessa obra pra nós. Não é a minha empresa, mas Palmas e o Sudoeste inteiro serão beneficiados”, enfatizou.

Segundo Ivânio Oliveira Vaz, diretor administrativo da Indústria de Compensados Sudati, a obra é uma demanda antiga de Palmas, pelo fato da PRC-280 ser corredor da produção da região. “Atualmente Palmas responde por 50% das exportações da região Sudoeste, é a principal exportadora de madeira compensada do Brasil. Sofremos mais de 20 anos com o descaso de todos os governos anteriores”, avaliou.

O diretor explica que, por conta das péssimas condições da rodovia, os gastos com transporte e os riscos de acidentes aumentam significativamente. “O custo do transporte encarece demais por conta da manutenção dos veículos. Não é só custo financeiro. Tivemos centenas de acidentes nesse período com dezenas de pessoas que perderam a vida”, acrescentou.

EXPECTATIVA — Segundo o caminhoneiro Gilberto Evangelista Rosa, o trecho a expectativa é de melhora. “Tinha bastante buraco, quebrava o caminhão, aí tinha que ficar sem trabalhar. Dava muito prejuízo, então, em princípio, vai ficar bom”, disse.

Na opinião de Vaz, a revitalização da obra trará benefícios para as indústrias, entre eles, a redução de custos logísticos, o que viabilizará investimentos em outras áreas, impulsionando a geração de empregos na região. “Quando você tem uma via em melhor condição, você tem menos tempo de trânsito. Com a mesma quantidade de veículos você escoa mais cargas. O ganho com essa melhoria com certeza vai ser aplicado no incremento da atividade industrial e econômica da região”, disse.

Almir Siqueira, chefe de pátio em uma indústria do ramo alimentício às margens da rodovia, considera que, apesar do transtorno causado pelos bloqueios regulares para a nova pavimentação, a obra será positiva para a região. “Vai trazer um benefício para todos os agricultores e para quem viajar para cá. Estamos tendo transtorno com as paradas, mas é uma coisa que a gente sabe que vai vir para beneficiar todo mundo”, ressaltou.

MELHORIAS — Além da pavimentação em concreto, outras obras estão em andamento na PRC-280. Estão sendo implantadas cerca de 13 quilômetros de terceiras faixas em outro trecho da rodovia, totalizando um investimento de R$ 26,8 milhões, com recursos do Avança Paraná, além de um financiamento contratado pelo Governo do Estado junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

A implantação das terceiras faixas entre o quilômetro zero, na divisa do Paraná com Santa Catarina, e o quilômetro 5,9, em União da Vitória, já foi concluída e agora aguarda a sinalização. Já entre o quilômetro 130,3, no acesso a Palmas, e o quilômetro 254,9, no entroncamento que dá acesso a Marmeleiro, a etapa dos drenos já foi finalizada ao longo de todo o trecho. A empresa deve dar início à reciclagem e pavimentação em março.

A execução das terceiras faixas está dentro do Programa de Revitalização da Segurança Viária do Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER/PR), que prevê soluções como faixa para ultrapassagens, alargamento de pista, reabilitação do pavimento, eliminação de degraus com desnível maior que cinco centímetros, reforço da sinalização horizontal e vertical e implantação de mais dispositivos de segurança.

BLOQUEIO – Por conta das obras, o trecho de Palmas ao Trevo Novo Horizonte terá bloqueio de tráfego até o fim dos trabalhos na via, portanto, é recomendável que os motoristas evitem o trajeto. Entretanto, a parte interrompida será modificada conforme os avanços da pavimentação na pista.

Para quem segue para Curitiba e Paranaguá, a orientação é ir por Guarapuava, e quem vai para Santa Catarina que já desça em Abelardo Luz, evitando a barreira atual de 20 quilômetros, que pode gerar até 2 horas de parada, dependendo do movimento.

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