O programa Cuida Paraná, realizado pelo Governo do Estado e coordenado pela Secretaria da Justiça e Cidadania, iniciou o segundo ciclo nesta semana, em Maringá, no Noroeste do Estado, com 128 alunos. Os participantes têm em comum um anseio: aprender para empreender. Voltado a migrantes e pessoas em situação de rua, o programa oferece qualificação profissional com o objetivo de viabilizar o ingresso no mercado de trabalho, gerando emprego e renda.
Após ter formado 110 alunos no primeiro ciclo, realizado em Curitiba, em 2024, desta vez o programa contempla as cidades de Maringá, Ivatuba e Astorga. Neste ciclo em Maringá há alunos brasileiros e migrantes da Nigéria, Venezuela, Guiné Equatorial, Haiti e Colômbia.
Elisangela de Souza, mãe e trabalhadora, se interessou pela oportunidade de uma segunda renda. “A gente tem dificuldade para arranjar serviço devido à idade, e quem tem filhos não tem condições de ficar oito horas por dia numa empresa para ganhar salário mínimo”, disse ela. “Quero aprender tudo o que o programa propõe ensinar para poder prestar serviço e ter mais uma renda. Para mim é muito importante, a gente precisa desses incentivos”, afirmou.
Carmem Cana, da Venezuela, mora no Paraná há quatro anos e acredita que a formação será produtiva. “Esse aprendizado será muito importante pra mim. Eu quero aprender para empreender, e agradeço pela oportunidade”, afirmou.
FORMAÇÃO E BOLSA-AUXÍLIO - A formação ofertada pelo programa é na área de Auxiliar de Manutenção Predial, com noções de seis profissões: carpinteiro, eletricista, encanador, pintor, pedreiro e jardineiro. As aulas incluem conteúdos de direitos humanos, teoria e prática dos conhecimentos técnicos, estes a serem ministrados pelo Senai - Serviço Nacional de Aprendizagem Nacional.
Ao longo dos três meses, o curso paga bolsa-auxílio de R$ 3 mil, vale-transporte e vale-alimentação.
O nigeriano Talabi Adesoji mora no Brasil há dois anos. Trabalha, entre outros, com música e diz estar ansioso para acompanhar o curso, ampliando seus horizontes. “Acredito que vai ser algo maravilhoso. Vamos aprender sobre princípios básicos de manutenção predial e vai ser muito útil para nossa carreira”, afirmou.
Outro aluno deste ciclo do Cuida Paraná é o Fernando Esono Nsogo, 26 anos, da República da Guiné Equatorial, há 5 anos no Brasil. Ele ressalta a importância do acolhimento a migrantes no Paraná através de programas sociais, principalmente com preparo para o mercado de trabalho como um degrau para a vida digna e a realização de sonhos.
“É uma forma de nos sentirmos incluídos e, com a qualificação profissional, teremos não só mais oportunidades de trabalho, mas também maiores expectativas de vida para alcançarmos os nossos objetivos”, destaca.
Já para Suelei de Souza dos Santos, o curso representa exercício da cidadania. “Temos que prestar atenção às oportunidades de adquirir conhecimento, não nos acomodar e correr atrás. Muitas pessoas falam que o governo e as instituições não dão acesso ou não fazem a parte deles, mas na verdade, às vezes, nos falta interesse. E aproveitar essas oportunidades é nosso direito, é sobre cidadania”, disse.
“Com a formação do Cuida Paraná, vamos estar preparados para uma nova profissão, para ajudar as pessoas, a nossa comunidade e para fazer consertos nas nossas próprias casas. Então acho que toda oportunidade é válida”, afirmou ela.
SINTONIA - O secretário estadual da Justiça e Cidadania, Santin Roveda, enfatiza que, a cada relato da história de vida dos alunos e suas expectativas, se confirma a importância do Cuida Paraná.
“É muito satisfatório ver que o nosso trabalho está sintonizado com as demandas do Estado e, de fato, é uma mão estendida àqueles que precisam. A oportunidade de qualificação profissional que o Cuida Paraná oferece pode ser um divisor na vida das pessoas e é isso que esperamos, que elas consigam emprego e se desenvolvam cada vez mais”, disse.
PRESERVAÇÃO - O programa também promove preservação do patrimônio público com reparos e manutenções das estruturas físicas onde acontecem as aulas práticas. Em Maringá, os locais são o Centro de Socioeducação, a Universidade Estadual, o Colégio Estadual Presidente Kennedy e o Colégio do Distrito Floriano; em Ivatuba, o Colégio Estadual São Francisco de Assis; e em Astorga o Colégio Estadual Rui Barbosa.