Projeto no Parque das Lauráceas visa reforçar população dos mamíferos queixada e cateto

15/04/2022
O IAT, Instituto Água e Terra e a Associação de Pesquisa e Conservação da Vida Silvestre colocaram em prática, neste mês, uma importante etapa do projeto experimental de reforço populacional de queixadas e catetos no Parque Estadual das Lauráceas. Estes mamíferos são espécies de médio porte, ameaçadas de extinção, e consomem grande variedade de frutos nas florestas neotropicais. Tornando eles dispersores e predadores de sementes, o que contribui para o equilíbrio ecológico e a manutenção da biodiversidade nas florestas. O parque é localizado na Região Metropolitana de Curitiba. A iniciativa integra o projeto de Pesquisa Científica em Unidades de Conservação, desenvolvido pelo IAT. A proposta foi idealizada com base nas indicações de manejo e conservação dessas espécies, apontadas pelos Planos de Conservação de Aves e Mamíferos Ameaçados no Paraná. O projeto também busca avaliar o processo de readaptação de animais nascidos em cativeiro ao ambiente natural, validando estratégias de conservação fora do ambiente natural e fortalecendo o trabalho e a função primordial dos criadouros conservacionistas como banco genético e populacional. A pesquisa passou por três fases. A primeira foi de levantamento para detectar a presença e o tamanho populacional de catetos e queixadas no Parque Estadual das Lauráceas. Relatos dos moradores da região indicam que o queixada nunca deixou de ser observado, mas mesmo assim é considerada uma espécie com baixo número de componentes. Diante disso, antes de se planejar efetivamente qualquer manejo, foi feito um estudo utilizando armadilhas fotográficas em diferentes pontos do parque, desde 2018. Os registros indicaram que os catetos eram escassos, não havendo qualquer registro por imagem ou vestígios dos animais. Após 12 meses de levantamento, foi dado início ao planejamento para soltura de espécies no parque, buscando o reforço populacional. O método que se mostrou mais adequado foi o de soltura branda, com a liberação de grupos já consolidados, para não desestruturar a hierarquia já estabelecida entre os indivíduos. Entre 2019 e 2020 foram liberados 40 catetos e 90 queixadas, em diferentes períodos e composições de grupos. Para os animais já reintroduzidos, o monitoramento continua a médio e longo prazo, para acompanhamento, além da busca de informações sobre a forma como estes vão utilizar o habitat dentro da Unidade de Conservação e o entorno. É perceptível o sucesso na adaptação dos catetos e queixadas ao local, com a utilização de espécies da flora local como fonte de alimento, reforçando as relações ecológicas da fauna e flora, por meio dos processos de predação de frutos e dispersão de sementes, assim como recrutamento de plântulas. Ainda são destaques os registros da presença de espécies nativas que possuem uma função ecológica importante, como os grandes predadores, pouco registrados antes do reforço populacional de catetos e queixadas. É notável a presença de onça-pintada em regiões onde não havia sido observada dentro do parque, assim como um aumento na frequência de registros de suçuarana, após os eventos de manejo para reforço populacional de catetos e queixadas. (Repórter: Flávio Rehme)