Pesquisa de fauna da Serra do Mar ajuda a encontrar melhor trecho para a Nova Ferroeste
22/07/2021
A geada ainda cobre boa parte da vegetação quando os biólogos seguem mata adentro para instalar as armadilhas. Atentos aos sons, movimentos e pistas, eles são como detetives à procura de sinais sobre a vida que pulsa na floresta. Com formatos e finalidades distintas, redes, baldes e caixas são dispostos na expectativa de capturar animais que habitam a Serra do Mar na área rural de São José dos Pinhais, Região Metropolitana de Curitiba. O trecho escolhido para essa análise fica próximo à BR 277 e é um dos lugares por onde deve passar a Nova Ferroeste. O coordenador do grupo, o biólogo Raphael Santos, reforça a necessidade de estudos como esse durante as quatro estações do ano. // SONORA RAPHAEL SANTOS // Mesmo com a pesquisa de campo, algumas espécies só aparecem para as câmeras. A bióloga Emanuelle Pasa relata que aparelhos foram instalados para quatro dias de análises nos locais estudados. // SONORA EMANUELLE PASA // Esta é a terceira campanha de fauna realizada para compor o Estudo de Impacto Ambiental do projeto da Nova Ferroeste que vai ligar o Mato Grosso do Sul ao Porto de Paranaguá. O trabalho é realizado pela Fipe, a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, contratada pelo governo estadual para o levantamento e a análise dos dados. Sempre que possível, os trilhos vão acompanhar o traçado da BR 277 no trecho da Serra do Mar. Em alguns pontos, a topografia acidentada vai exigir a construção de túneis e pontes e em outros o contorno de morros para que haja a inclinação necessária para garantir a segurança no transporte das cargas. As informações coletadas pelos biólogos orientam o desenho do traçado da ferrovia. Raphael Santos frisa que a pesquisa começa pela Serra por causa da riqueza ambiental do local. // SONORA RAPHAEL SANTOS // Esta foi a primeira parada da campanha de inverno. Agora eles seguem para Balsa Nova. Cada etapa leva 32 dias e os biólogos percorrem oito pontos do Paraná e do Mato Grosso do Sul. O Estudo apresenta uma fotografia da diversidade de fauna, flora e composição do solo. Também são estudadas as comunidades indígenas e quilombolas. O relatório final indica os locais de passagem da fauna para permitir a circulação dos animais e reduzir o risco de atropelamentos. Os biólogos avaliam os impactos e descrevem de acordo com cada grupo animal, especialmente os ameaçados de extinção. Emanuelle Pasa explica que o impacto de uma obra desse porte é diferente para cada espécie. // SONORA EMANUELLE PASA // Uma alternativa são as passagens que serão construídas embaixo dos trilhos, túneis e manilhas. Uma cerca-guia ajuda a orientar os animais a seguir para esses locais. Para os primatas, gambás e esquilos que vivem na copa das árvores são construídas estruturas suspensas. (Repórter: Gustavo Vaz)