Mulheres indígenas criam associação e melhoram a vida de aldeia em Guaíra, no Oeste do Paraná

23/09/2020
Com o apoio do Instituto de Desenvolvimento Rural, IDR Paraná, a rotina de um ambiente tradicionalmente masculino foi modificada em uma aldeia indígena de etnia Guarani em Guaíra, no Oeste do Estado. Dona Lídia Takua Chaparo e as demais mulheres do local formaram uma associação que as ajuda a ter voz ativa e a melhorar a vida na aldeia. A Aldeia Tekohá Marangatu reúne 95 famílias. São 570 pessoas ao todo, sendo 273 homens e 297 mulheres. Mesmo elas sendo a maioria, eram eles que tomavam as decisões sobre o futuro da aldeia nas reuniões. De acordo com Dona Lídia, elas tinham o papel de apenas ficar ao fundo da sala, em silêncio, ouvindo os homens decidir sobre assuntos que afetariam a vida de todos por ali, como alimentação, saúde e educação. A situação passou a gerar tamanho incômodo que ela procurou o IDR. A engenheira agrônoma do escritório de Guaíra, Rita de Cássia Ribeiro, conta que a ideia das mulheres da aldeia foi a de criar uma associação, que foi batizada como “Caminhando em Frente”, ou, na língua local Mba Apo Mboguata Porã. O IDR ajudou o grupo em especial com a parte legal de se formar uma associação. A assistente social do IDR Paraná, Scheila Juliana da Silva, destacou a importância da iniciativa do grupo. // SONORA SCHEILA DA SILVA //
A primeira reunião do grupo foi sobre depressão, abordando a maior incidência da doença entre as mulheres e o suicídio entre os jovens. Uma psicóloga falou sobre o tema ajudando a identificar os sinais da doença e como prevenir. Na sequência, as mulheres receberam orientações sobre a saúde feminina, como prevenção ao câncer de mama e do útero, métodos contraceptivos, doenças sexualmente transmissíveis. Assim como instruções no campo da geração de renda, artesanato e agricultura familiar. Para esta comunidade, o IDR Paraná exerceu não só a função de prestar assistência técnica e extensão rural, mas uma função social de colaborar na criação da associação e inseri-la na programação dos Projetos Coletivos. Dona Lídia se tornou a presidente da Associação, que está prestes a completar dois anos de existência. Entre as conquistas apontadas por ela, estão a melhoria da saúde das mulheres, mais independência, com menos casamentos e filhos na adolescência, além da redução de casos de suicídios na aldeia. Entre as expectativas, estão melhorias nas condições de emprego e renda das mulheres, mais oportunidades de aprender novas profissões e que mais mulheres sigam o exemplo deste grupo. Das 14 aldeias da etnia Guarani na região Oeste do Estado, apenas uma tem uma vice-cacique. As demais são lideradas por figuras masculinas. Os bons resultados desta associação logo devem chegar a mais aldeias. A Tatury, também em Guaíra, já reúne 13 mulheres interessadas em criar um grupo parecido. (Repórter: Rodrigo Arend)