Mulheres garantem renda e se destacam com produção de café especial no Paraná

08/03/2022
No Paraná, o café tem um aroma a mais: é uma história feminina e do grupo Mulheres do Café. Com foco em cafés especiais, o projeto, nascido no Norte Pioneiro, reúne cafeicultoras para transferência de tecnologias e informações com a intenção de aumentar a qualidade, agregar valor à produção e valorizar o trabalho feminino na agricultura. Além do Norte Pioneiro, o projeto, criado em 2013, já está presente no Vale do Ivaí e prevê crescer ainda mais. O projeto busca valorizar o trabalho feminino na agricultura com uma equipe multidisciplinar que oferece cursos para o desenvolvimento pessoal das agricultoras. De acordo com o último Censo Agropecuário divulgado pelo IBGE, em 2017, 19% de todos os estabelecimentos agropecuários no Brasil são comandados por mulheres. O número aumentou desde o Censo anterior, em 2016, quando as mulheres comandavam 13% das propriedades rurais do País. Elas também estão ao lado dos maridos fazendo a gestão compartilhada e tomando as decisões nas propriedades. Em 20% dos mais de cinco milhões de estabelecimentos agropecuários, o casal decide juntos, isto em mais de um milhão de locais do Brasil. Criado pelo IDR-Paraná, o projeto atua em 11 municípios do Norte Pioneiro e mais 4 municípios do Vale do Ivaí, com mais de 250 mulheres, divididas em 13 grupos. De acordo com a coordenadora do programa e extensionista do IDR-Paraná, Cíntia Lopes de Souza, o projeto nasceu pela percepção dos extensionistas ao acompanharem as produções de café da região.// SONORA CÍNTIA LOPES DE SOUZA.//

Assistência técnica na propriedade e reuniões periódicas para transferência de tecnologias fazem parte das ações do IDR-Paraná no projeto. Os cafés produzidos já receberam diversos prêmios, inclusive no concurso Café Qualidade Paraná, que avalia, todo ano, cafés gourmet do Paraná. Há seis anos os cafés especiais produzidos pelas Mulheres do Café se mantêm no pódio, com destaque para o ano de 2015, em que as produções femininas ganharam as três modalidades do concurso. Em expansão no Paraná, principalmente a partir de 2010, foi nos cafés especiais que o IDR viu a oportunidade de desenvolver esse potencial entre os pequenos produtores de agricultura familiar ao mesmo tempo em que empoderava as mulheres. Antes do projeto não havia produção de cafés especiais na região do Norte Pioneiro e no início a preocupação das mulheres era se haveria mercado para o segmento. Mas já no começo conseguiram um valor agregado três vezes maior do que nos cafés comuns. Para alavancar ainda mais as vendas, o IDR-Paraná criou ferramentas de avaliação dos cafés para selecionar os melhores entre elas e colocar à venda em forma de leilão. A expectativa do projeto é fortalecer o turismo rural para quem se interessar em participar da produção e aprender sobre a cafeicultura. O projeto prevê a criação de uma frente de trabalho com foco nos jovens, para evitar o êxodo rural. Segundo dados do Departamento de Economia Rural, da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento, o Paraná é o 5º no ranking nacional de produção do café arábica. No estado como um todo a safra de café commodity, em 2020, atingiu 58 mil toneladas, produzidos em uma área total de 34 mil hectares. O Valor Bruto da Produção do café em 2020 foi de 481 milhões de reais. Os cafés paranaenses são exportados para 97 países, o que gera um lucro de cerca de 342 milhões de dólares ao ano. Os principais destinos são Estados Unidos, Rússia, Japão, Ucrânia e Reino Unido. (Repórter: Felippe Salles)