Maringá terá unidade prisional exemplo no País

21/08/2020
Todos os dias os presos paranaenses da Colônia Penal Industrial de Maringá produzem 4 mil pães, 25 mil máscaras descartáveis e 300 blocos de concreto. Eles trabalham o dia todo, recebem salário e são preparados para um novo começo. O que lembra uma penitenciária são os muros laterais, o controle de entrada e saída e os cadeados no alojamento, de resto uma visita ao local é como percorrer um condomínio onde quase 200 presos trabalham soltos, com ferramentas nas mãos, em busca de recuperar as condições para encerrar a dívida com a Justiça. A Colônia Penal Industrial de Maringá é sede do regime semiaberto da região Noroeste e está prestes a mudar de nome e de perfil. O local vai se transformar na primeira grande Unidade de Progressão do Interior do Paraná, de regime fechado. A mudança deve ocorrer ainda neste ano e leva em consideração algumas etapas: preparação física da unidade para receber mais indústrias; reformas nas celas; novo sistema de câmeras; mudanças culturais na rotina penal; e diálogo com os outros Poderes e a sociedade. A Unidade de Progressão passa pelos últimos retoques e instalações e vai abrigar até 360 presos do regime fechado. De acordo com o governador Carlos Massa Ratinho Junior, é um projeto revolucionário e que atende aos preceitos legais da Lei de Execução Penal. Segundo o governador, o Paraná ainda enfrenta dificuldades no sistema penitenciário em função de um descaso de décadas, mas está ampliando a oferta de trabalho, estudo e recuperação.// SONORA RATINHO JUNIOR.//

Apenas em infraestrutura o investimento realizado entre o final de 2019 e o começo de 2020 foi de 802 mil reais. Há na unidade, além da panificadora e das indústrias de máscaras e blocos de concreto, uma horta, um lava-car, um galpão pronto para uma empresa de materiais esportivos e os primeiros esboços de novas plantas fabris para empregar todos os apenados que forem selecionados para o projeto. Segundo o diretor do Departamento Penitenciário do Paraná, Francisco Caricati, essa unidade vai revitalizar o tratamento penal na região Noroeste e é parte de um planejamento de novos espaços com oferta de estudo e trabalho no Estado.// SONORA FRANCISCO CARICATI.//

Os presos trabalhadores vão receber um salário-mínimo e, desse valor, 75% podem usar para si. O restante é direcionado para o Fundo Penitenciário do Paraná para despesas como luz e água. Eles também terão que concluir o Ensino Médio no contraturno do trabalho para ingressar na unidade. Osvaldo Messias Machado, diretor da unidade e um dos responsáveis pelo projeto, ressalta que esse é o caminho para diminuir a reincidência.// SONORA OSVALDO MESSIAS MACHADO.//

Atualmente são 40 presos empregados na manutenção, seis na padaria e 49 na fábrica de máscaras. São, ao todo, 119 presos implantados entre os 203 que vivem no local. Aparecido Eugênio da Silva, 48 anos, preso há onze meses, diz que o trabalho ajuda a pensar mais na família e na porta de saída. Ele foi responsável pela modernização elétrica de todos os prédios da futura Unidade de Progressão, incluindo as instalações dos galpões fabris, e ajudou nos serviços gerais da construção civil.// SONORA APARECIDO EUGÊNIO DA SILVA.//

André Fernandes Picança, 38 anos, um dos cinco presos que trabalham com as enxadas na terra, está animado com o projeto.// SONORA ANDRÉ FERNANDES PICANÇA.//

Os bons resultados alcançados pela Unidade de Progressão de Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba, e a parceria estabelecida com o Tribunal de Justiça, o Ministério Público, a Defensoria Pública e os Conselhos da Comunidade deve gerar mais Unidades de Progressão no Paraná. A programação indica pelo menos mais três unidades – incluindo a de Maringá – e mil vagas abertas no regime fechado. (Repórter: Amanda Laynes)