Maior trilha aquática do Brasil, Rota dos Pioneiros retoma as atividades
28/09/2020
A Rota dos Pioneiros, maior trilha aquática do Brasil e que deve se tornar a maior do mundo, está retomando suas atividades. O grupo de voluntários responsável pela demarcação da rota ao longo do Rio Paraná e de seus afluentes voltou a fazer a sinalização do percurso, depois de uma interrupção de sete meses por causa da pandemia do novo coronavírus. Alguns passeios de caiaque pelo rio também voltaram a ser oferecidos por guias locais.A iniciativa está alinhada e reforça a estratégia do Governo do Estado, adotada desde o ano passado, de estimular o turismo de aventura e natureza para divulgar as belezas do Paraná e buscar o desenvolvimento econômico, com sustentabilidade, e movimentar as diversas regiões do Paraná.A Rota dos Pioneiros é uma trilha de longo curso com a previsão de ter 400 quilômetros de extensão, conectando diferentes unidades de conservação nas proximidades dos rios Paraná, Paranapanema e Ivinhema. Na semana passada, a equipe de voluntários fez a sinalização de um percurso de 29 quilômetros pelo rio, interligando o Parque Estadual das Várzeas do Rio Ivinhema, no Mato Grosso do Sul, ao Porto Natal, em Querência do Norte, no Noroeste do Paraná.Com esta nova etapa, a trilha conta agora com 127 quilômetros já demarcados, 32% do percurso original. A ideia é que este trecho seja percorrido de caiaque ao longo de dois dias, passando por ilhas e canais em uma região rica em biodiversidade e vegetação exuberante. Os visitantes podem observar jacarés, bugios e capivaras ao longo da trilha aquática e, no parque estadual, é muito comum encontrar o cervo-do-pantanal. Para os amantes da observação da avifauna o parque, com 302 espécies de aves, é um prato cheio.A rota, que faz parte da Rede Brasileira de Trilhas de Longo Curso, Redetrilhas, funciona como um corredor de biodiversidade em uma região singular do País, e além do caiaque, conta também com trilhas terrestres que podem ser percorridas a pé ou de bicicleta. As margens do Rio Paraná, nas divisas entre o Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul, são marcadas pela transição de três dos principais biomas brasileiros: Pantanal, Mata Atlântica e Cerrado.Além disso, é também um importante atrativo em uma região onde o ecoturismo ganha cada vez mais adesão, aproveitando as belezas das ilhas e praias naturais que se formam no Rio Paraná. De acordo com o biólogo Erick Xavier, secretário-geral da Redetrilhas e um dos idealizadores da Rota dos Pioneiros, as trilhas e atividades realizadas ao ar livre, em grupos pequenos, são as ideais para o pós-pandemia, pois evita o contato físico e os ambientes fechados. // SONORA ERICK XAVIER // Além da retomada da demarcação, os organizadores também estão lançando o primeiro guia da Rota dos Pioneiros, contendo um resumo com dicas de segurança, pontos de apoio e mapa atualizado da trilha aquática. As informações estão disponíveis na página da Rota dos Pioneiros no portal da Redetrilhas.A rota é dividida em três regiões: Rio Paranapanema, conectando o Parque Estadual do Morro do Diabo, em São Paulo, e a Estação Ecológica do Caiuá, em Diamante do Norte; Rio Paraná, ligando a Estação Ecológica do Caiuá ao Parque Nacional de Ilha Grande, passando pelo Parque Estadual das Várzeas do Rio Ivinhema e finalmente, o lago de Itaipu, conectando o Parque Nacional de Ilha Grande ao Parque Nacional do Iguaçu e ao Marco das Três Fronteiras.A trilha aquática está inserida no Corredor de Biodiversidade do Rio Paraná e faz parte da Redetrilhas, conectando as unidades de conservação do País, a exemplo do que já ocorre pelo restante do mundo. O nome da trilha é alusivo à história do próprio Rio Paraná, um local que, ao longo dos séculos, serviu de acesso a diferentes grupos que foram responsáveis pela ocupação do território daquela região.Os ciclos econômicos do Estado e do País também acompanharam aquelas correntezas, desde a erva-mate, que era escoada de barco até a Argentina, até o aproveitamento hidrelétrico, que faz girar as turbinas de grandes usinas para gerar energia. O percurso por onde passa a Rota dos Pioneiros fica entre duas delas, a Usina de Porto Primavera e a Usina de Itaipu, e é o último trecho de águas correntes do Rio Paraná, já que o restante é ocupado pelos reservatórios das hidrelétricas.(Repórter: Marcelo Galliano)