Estudo da UEL vai monitorar bactérias multirresistentes na cadeia produtiva do frango
30/05/2022
Pesquisadores do Laboratório de Bacteriologia Básica e Aplicada, do Centro de Ciências Biológicas da Universidade Estadual de Londrina (UEL), realizará um estudo inédito que pretende monitorar bactérias multirresistentes a antimicrobianos presentes em alguns pontos da cadeia produtiva do frango de corte. Para a pesquisa eles foram contemplados com 192 mil reais, liberado por meio do Edital Universal do CNPq. O estudo pretende, também, propor alternativas ao uso de antibióticos no combate à colibacilose aviária. A doença provoca grandes perdas econômicas para a indústria avícola e é causada pela bactéria Escherichia coli. O estudo é importante porque o setor representa um grande gerador de renda e emprego. O Brasil figura na terceira posição de maior produtor de frangos do mundo, sendo o maior exportador, atingindo mais de 40% do mercado internacional. A cadeia do frango de corte gera diretamente 150 mil postos de trabalho no país e 69 mil empregos diretos no Paraná. O resultado final complementar da Chamada Universal do CNPq foi divulgado há cerca de dois meses. Os recursos direcionados aos pesquisadores serão utilizados nos próximos três anos para aquisição de equipamentos e custeio de material. Os pesquisadores querem investigar de onde e em quais etapas o processo de produção apresenta risco de disseminação de bactérias resistentes e apresentar alternativas ao uso de antibióticos, para o controle de doenças. O estudo propõe a utilização de novos medicamentos para tratamento e prevenção da RAM, além da vigilância da resistência e cuidados no manejo dos aviários. A pesquisa vai atuar sob o conceito de saúde única, considerando a indissociabilidade entre saúde humana, animal e ambiental. Uma das evidências para conter o problema passa pela redução e uso racional de antibióticos na produção da proteína de frango. Estudos anteriores comprovaram que, em alguns casos, a cama de aviários, material utilizado para forrar o piso dos galpões de granjas, e o besouro cascudinho representam fatores de risco para disseminação das bactérias resistentes. Os pesquisadores pretendem testar a eficiência de nanopartícula de prata biogênica e de óleo de orégano para o combate da colibacilose. Propõem ainda usar estes antimicrobianos associados a probióticos e selênio como imunomodulador – uma possível alternativa aos antibióticos tradicionais. Já comprovaram na bancada a eficiência da nanopartícula de prata associada a óleo de orégano contra Escherichia coli. O trabalho de monitoramento será feito em aviários do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, Para se ter uma dimensão da metodologia, o estudo será desenvolvido em duas partes: Vigilância da RAM em bactérias isoladas de frangos de corte, matrizes e incubatórios e desenvolvimento de compostos alternativos ao uso de antibióticos. (Reporter: Alexandre Nassa)