Cultivo de pupunha em Guaraqueçaba alia geração de renda à preservação ambiental
20/09/2021
A cidade de Guaraqueçaba, no Litoral paranaense, é a principal produtora de palmito do Estado, e passou há cerca de 30 anos por mudanças importantes, com a transição do extrativismo de palmeira juçara, espécie nativa ameaçada de extinção e cuja colheita foi proibida por lei, para uma nova alternativa que pudesse garantir a renda dos produtores, sem deixar a tradição do palmito de lado.
As terras de vários agricultores e de outros moradores serviram como um laboratório para testar novas plantas que se adaptassem ao Litoral sem comprometer a biodiversidade da Mata Atlântica paranaense. O trabalho de pesquisa e extensão rural foi liderado, na época, pela então Emater – hoje o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná-Iapar-Emater, IDR-Paraná.
A pupunha, espécie de palmeira com origem na região amazônica, foi a melhor opção encontrada para aliar a geração de renda à preservação ambiental. Uma série de fatores pesou em favor da planta, principalmente com relação ao manejo, em que é possível extrair o palmito sem matar o pé, já que ela refilha, saindo novos brotos que vão estar aptos para a produção nos anos seguintes.
O engenheiro agrônomo Sebastião Bellettini, do Núcleo Regional de Paranaguá do IDR-Paraná, responsável pelo estudo que introduziu a cultura de pupunha, explica que existem plantas que produzem desde o início dos trabalhos do órgão na região.// SONORA SEBASTIÃO BELLETTINI.//
Do ponto de vista ambiental também há outras vantagens, ressalta o agrônomo.// SONORA SEBASTIÃO BELLETTINI.//
O palmito de pupunha tem ainda outros benefícios no aspecto comercial. Ele não oxida rapidamente, podendo ser trabalhado de forma mais prática na indústria, ser vendido in natura ou em diferentes cortes, como o espaguete de pupunha, que têm caído no gosto dos consumidores. Para o produtor, o manejo também não exige muitos cuidados. Uma vez plantado, é preciso manter a área com roçadas, sem a necessidade de uso de intensivos agrícolas.
O Litoral responde por 80% da pupunha produzida no Paraná, sendo que outras regiões mais quentes, como o Norte e o Noroeste, também têm participação na cultura. Em 2020, a área plantada na região chegou a 3 mil e 200 hectares, com quase mil produtores cultivando a palmácea.
Isso significa que o forte da cultura está concentrado entre os agricultores familiares, de pequenas propriedades, já que a média da área cultivada é de três hectares por família. Foram produzidas na região, no ano passado, mais de 11 mil toneladas de pupunha, com um Valor Bruto de Produção de 33 milhões e 600 mil reais.
Maior produtor do Estado, Guaraqueçaba responde, na comparação com outros municípios do Litoral, por mais de um terço dessa cultura. A área plantada foi de 1.157 hectares, com mais de 4 mil toneladas produzidas no ano passado e o Valor Bruto de Produção de mais de 12 milhões de reais. São quase 500 famílias envolvidas no cultivo.
Dentro de uma das áreas mais preservadas da Mata Atlântica no País, a fauna e flora da região de Guaraqueçaba são diversas, e a pupunha acabou se integrando a esse ambiente. As plantações foram feitas em áreas já abertas anteriormente, seja por pastagem ou cultivo de banana, sem precisar derrubar a mata.
Na propriedade de Francelino Cogrossi, na região de Potinga, toda a produção é orgânica, certificada pelo Instituto de Tecnologia do Paraná.// SONORA FRANCELINO CONGROSSI.//
Ele explica que a propriedade, com cerca de 10 hectares, 2 deles são reservados para a pupunha, e o restante se divide com o plantio de diferentes variedades de banana, cará, aipim, inhame e batata-doce, além da mata nativa.// SONORA FRANCELINO CONGROSSI.//
Parte dessa produção é vendida em uma cantina que ele mantém na beira da PR-405, o acesso terrestre para Guaraqueçaba. O palmito, porém, tem destino certo para uma das nove fábricas instaladas no Litoral, que transformam o miolo da pupunha em conserva, para ser comercializado no Paraná e em São Paulo.
Iniciado nos anos 1990, o estudo que introduziu o cultivo de pupunha no Litoral nunca parou. Junto com a Embrapa Florestas, o IDR-Paraná avalia agora o melhoramento genético da planta, com a seleção das sementes cultivadas na região e as que vêm originalmente da Amazônia.
Há cerca de 40 espécies de pupunha, uma diversidade bastante grande, com frutos, caules e folhas diferentes, apesar de o palmito ser o mesmo.
A pupunha de Guaraqueçaba faz parte da série de reportagens “Paraná que alimenta o mundo”, produzida pela Agência de Notícias do Paraná. O material mostra o potencial do agronegócio paranaense, com materiais publicados sempre às segundas-feiras. A previsão é que as reportagens se estendam durante todo o ano de 2021. (Repórter: Felippe Salles)
As terras de vários agricultores e de outros moradores serviram como um laboratório para testar novas plantas que se adaptassem ao Litoral sem comprometer a biodiversidade da Mata Atlântica paranaense. O trabalho de pesquisa e extensão rural foi liderado, na época, pela então Emater – hoje o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná-Iapar-Emater, IDR-Paraná.
A pupunha, espécie de palmeira com origem na região amazônica, foi a melhor opção encontrada para aliar a geração de renda à preservação ambiental. Uma série de fatores pesou em favor da planta, principalmente com relação ao manejo, em que é possível extrair o palmito sem matar o pé, já que ela refilha, saindo novos brotos que vão estar aptos para a produção nos anos seguintes.
O engenheiro agrônomo Sebastião Bellettini, do Núcleo Regional de Paranaguá do IDR-Paraná, responsável pelo estudo que introduziu a cultura de pupunha, explica que existem plantas que produzem desde o início dos trabalhos do órgão na região.// SONORA SEBASTIÃO BELLETTINI.//
Do ponto de vista ambiental também há outras vantagens, ressalta o agrônomo.// SONORA SEBASTIÃO BELLETTINI.//
O palmito de pupunha tem ainda outros benefícios no aspecto comercial. Ele não oxida rapidamente, podendo ser trabalhado de forma mais prática na indústria, ser vendido in natura ou em diferentes cortes, como o espaguete de pupunha, que têm caído no gosto dos consumidores. Para o produtor, o manejo também não exige muitos cuidados. Uma vez plantado, é preciso manter a área com roçadas, sem a necessidade de uso de intensivos agrícolas.
O Litoral responde por 80% da pupunha produzida no Paraná, sendo que outras regiões mais quentes, como o Norte e o Noroeste, também têm participação na cultura. Em 2020, a área plantada na região chegou a 3 mil e 200 hectares, com quase mil produtores cultivando a palmácea.
Isso significa que o forte da cultura está concentrado entre os agricultores familiares, de pequenas propriedades, já que a média da área cultivada é de três hectares por família. Foram produzidas na região, no ano passado, mais de 11 mil toneladas de pupunha, com um Valor Bruto de Produção de 33 milhões e 600 mil reais.
Maior produtor do Estado, Guaraqueçaba responde, na comparação com outros municípios do Litoral, por mais de um terço dessa cultura. A área plantada foi de 1.157 hectares, com mais de 4 mil toneladas produzidas no ano passado e o Valor Bruto de Produção de mais de 12 milhões de reais. São quase 500 famílias envolvidas no cultivo.
Dentro de uma das áreas mais preservadas da Mata Atlântica no País, a fauna e flora da região de Guaraqueçaba são diversas, e a pupunha acabou se integrando a esse ambiente. As plantações foram feitas em áreas já abertas anteriormente, seja por pastagem ou cultivo de banana, sem precisar derrubar a mata.
Na propriedade de Francelino Cogrossi, na região de Potinga, toda a produção é orgânica, certificada pelo Instituto de Tecnologia do Paraná.// SONORA FRANCELINO CONGROSSI.//
Ele explica que a propriedade, com cerca de 10 hectares, 2 deles são reservados para a pupunha, e o restante se divide com o plantio de diferentes variedades de banana, cará, aipim, inhame e batata-doce, além da mata nativa.// SONORA FRANCELINO CONGROSSI.//
Parte dessa produção é vendida em uma cantina que ele mantém na beira da PR-405, o acesso terrestre para Guaraqueçaba. O palmito, porém, tem destino certo para uma das nove fábricas instaladas no Litoral, que transformam o miolo da pupunha em conserva, para ser comercializado no Paraná e em São Paulo.
Iniciado nos anos 1990, o estudo que introduziu o cultivo de pupunha no Litoral nunca parou. Junto com a Embrapa Florestas, o IDR-Paraná avalia agora o melhoramento genético da planta, com a seleção das sementes cultivadas na região e as que vêm originalmente da Amazônia.
Há cerca de 40 espécies de pupunha, uma diversidade bastante grande, com frutos, caules e folhas diferentes, apesar de o palmito ser o mesmo.
A pupunha de Guaraqueçaba faz parte da série de reportagens “Paraná que alimenta o mundo”, produzida pela Agência de Notícias do Paraná. O material mostra o potencial do agronegócio paranaense, com materiais publicados sempre às segundas-feiras. A previsão é que as reportagens se estendam durante todo o ano de 2021. (Repórter: Felippe Salles)