Camomila de Mandirituba gera renda milionária e garante fama nacional ao município

27/09/2021
Foi graças aos imigrantes do leste europeu que Mandirituba recebeu, ainda no início do século 20, as primeiras sementes da flor amarela e branca que dá fama ao município: a camomila. Após décadas de cultivo, a cidade da Região Metropolitana de Curitiba hoje é conhecida como a capital da erva medicinal, liderando a produção no Estado.
O município é o maior produtor paranaense tanto em área como em produtividade. Segundo a Secretaria estadual de Agricultura e Abastecimento, foram 280 toneladas da erva produzidas em 2020, gerando um Valor Bruto de Produção, VBP, de 6 milhões e 640 mil reais, 11,93% do total do município.
A secretária municipal de Agricultura de Mandirituba, Alessandra Clemente, afirma que quando se tem camomila em casa, a chance de ela ser de Mandirituba é grande. //SONORA ALESSANDRA CLEMENTE//
Com campos floridos aromáticos e uma cultura sólida, hoje o potencial da camomila no município também é turístico. Mas, no início, o plantio era rústico, a cultura começou há cerca de cinco décadas de forma manual, com áreas pequenas e colheita manual. Aos poucos, os produtores receberam incentivos de uma empresa privada que se instalou na região, aumentando o cultivo e multiplicando os interessados. Com isso, a tecnologia aos poucos passou a aumentar a produtividade.
O produtor José Mario Claudino, disse que no início, se faziam pequenos canteiros, tirando mudas para aproveitar melhor a produção. Com o passar do tempo e áreas maiores, tudo foi se desenvolvendo. Nascido na cidade, assim como seu pai, ele herdou a cultura da família, atualmente, ele planta cerca de 20 alqueires de camomila, obtendo uma produtividade aproximada de uma tonelada de camomila seca por alqueire.
Toda a produção é realizada por ele, a esposa e os quatro filhos. Ele destacou ser um grande prazer ter a família unida pelo trabalho. //SONORA JOSÉ MARIO CLAUDINO//
Uma das características apontadas para o sucesso da produtividade na cidade é o clima frio da região, que favorece o florescimento durante o inverno. O ciclo da camomila dura cerca de cinco meses, é plantada entre abril e maio para ser colhida entre agosto e setembro. Ela se encaixa no calendário dos agricultores locais.
Marcos Antônio Dalla Costa, técnico da Secretaria de Agricultura de Mandirituba e mestre em Produção Vegetal de Camomila pela Universidade Federal do Paraná, explicou que é uma opção de rotação de culturas, já que no verão se planta milho e soja. //SONORA MARCOS ANTÔNIO DALLA COSTA//
Hoje, são cerca de 40 produtores espalhados por uma área de 730 hectares de plantio. O especialista ressaltou que 95% dos produtores têm uma estrutura pronta. //SONORA MARCOS ANTÔNIO DALLA COSTA//
Da colheita, são retirados dois tipos de camomila: a de primeira, com maior concentração de flores, e a mista, que inclui talos e outros pedaços da planta, comercializada pela metade do preço. Nos últimos dois anos, com a pandemia, a alta na demanda e no dólar fez o preço da erva triplicar, passando de 10 para 30 reais o quilo da camomila seca de primeira.
Produtor há 35 anos, Mario Strugala viu a vantagem financeira crescer durante a emergência sanitária. Com uma produção de 20 alqueires, ele estima uma boa safra em 2021. //SONORA MARIO STRUGALA//
Dalla Costa aponta que o principal uso da camomila no Brasil é na área medicinal, por suas propriedades anti-inflamatórias. Em menor escala, a erva medicinal também é aproveitada na indústria de cosméticos.


No entanto, um terceiro pilar econômico que a camomila traz para Mandirituba é o turismo, atraído pela beleza dos campos.
Para impulsionar ainda mais a fama do município, a prefeitura busca um reconhecimento que promete estimular tanto a camomila como produto quanto o turismo local, com o registro de Indicação Geográfica. Concedido pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial, o selo é dado a produtos que apresentam uma qualidade única, fazendo uma distinção dos concorrentes no mercado.
Para obter a certificação, a Secretaria de Agricultura tem realizado uma parceria junto ao Sebrae. A secretária Alessandra explicou que além de agregar valor, ganha a confiabilidade da população por um selo que garante uma camomila diferenciada pelo solo, clima e boas práticas de produção. //SONORA ALESSANDRA CLEMENTE//

No Paraná, em 2020, foram produzidas mais de 970 toneladas de camomila, gerando um Valor Bruto de Produção de 23 milhões de reais. Apesar de produzida por 17 municípios paranaenses, é na Região Metropolitana de Curitiba que ela se concentra, sendo a região responsável por 97,5% de toda a erva medicinal do Paraná.
A camomila de Mandirituba faz parte da série de reportagens “Paraná que alimenta o mundo”, produzida pela Agência de Notícias do Paraná, AEN. O material mostra o potencial do agronegócio paranaense, com publicação sempre às segundas-feiras. A previsão é que as reportagens se estendam durante todo o ano de 2021. (Repórter: Flávio Rehme)